segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Fim de viagem por falta de chuva

Calma que eu vou explicar essa história direitinho. Como eu já havia dito antes as máquinas fizeram o patrolamento das estradas. Com isso as estradas ficaram inviáveis para pedalar muita areia fofa e muita dificuldade em seguir adiante.
Se tivesse chovido teria ficado ótimo porque a chuva iria assentar areia e a estrada ficaria perfeita para pedalar ao meu destino de mais 60 km até chegar em Mateiros.
Mas da forma que está fica praticamente inviável seguir adiante.
Seria insano da minha parte continuar essa viagem sem a menor condição de pedalar nessas estradas tão difíceis.

Para alguns pode até parecer que eu fui derrotado nessa aventura porém conheço muito bem os meus limites. Meu objetivo maior era chegar ate aqui, quem sabe um pouco mais ate Mateiros .
Claro que se tivesse chovido a história teria sido bem diferente.
Meu objetivo sim era completar todo o percurso seguir até mateiros depois para Ponte Alta, seguindo para Santa Teresa,Taquaruçu e depois Palmas.
Mas da forma com que eu me encontro agora prefiro não arriscar.
Então tirei o dia para visitar alguns pontos turísticos aqui em São Félix mesmo.

Saindo sentido Mateiros, tem uma estrada a direita e mais 3km a diante chegasse ao Fervedouro Bela Vista. Segundo os guias locais é o maior da região e tem uma profundidade de aproximadamente 75 metros.


Confesso que da um certo medo de pular dentro dele porem o fluxo de água é tão intenso que mesmo sem perceber, a areia sustenta a pessoa sem a necessidade de nadar. Por mais que eu já tenha ido em fervedouros  não consigo me acostumar com a sensação incrível de não afundar nas águas que brotam do fundo. O Fervedouro Bela Vista, de propriedade do Sr. Gercimar, também muito conhecido e influente na cidade. Conversei com ele e demostrei a minha intensão de voltar de carona e ele disse que poderia ficar tranquilo que conseguiria uma para minha volta.

Em São Felix também se pode desfrutar de uma Prainha as margens do Rio Sono. Águas refrescantes, cristalinas, convidam  passar o dia praticando nadismo. Nao escrevi errado não, é nadismo mesmo, a arte de não fazer nada.

Apos o almoço optei por ficar na pousada e relaxar, atualizar o blog repensar na estratégia de retorno. Amanhã (domingo) tem ônibus que passa por São Félix e vai para Palmas. O que não deixa de ser uma opção interessante. Porém como passei dois dias rodando aqui e conversando com pessoas, falando da minha intensão de arrumar uma carona, também conto com a possibilidade de ir para Palmas antes do ônibus. Seu Paulinho é pessoa muito conhecida na cidade e todo mundo sabe onde fiquei hospedado na sua pousada.
Sendo assim espalhei a noticia da carona e onde eu estaria caso surgisse alguma.

Pois logo depois das 14h bateram na porta do quarto. Era Seu Paulinho, informando que surgiu uma carona o que eu deveria ir pedalando ate o posto de gasolina do outro lado da cidade, que minha carona passaria por la. Mais que de pressa, arrumei meu alforge e segui ate lá.
Foram mais de 40min de espera e agonia achando que teria perdido a carona. Até que o pessoal apareceu, era uma caminhonete com três pessoas a bordo e uma vaga para mim e minha bicicleta.
Pois não é que o Sr. Gercimar havia mesmo conseguido arruma uma carona para mim? Tenho que agradecer aqui pela força que ele deu, recomendo visitar o Fervedouro Bela Vista e degustar o almoço feito por eles. Pessoal muito receptivo e simples, de fácil acesso e muito atenciosos também.

Cheguei em casa as 19h com novos três amigos, o Van (taxista) e sua esposa e meu novo amigo mamute rsrsrs. Finalizo assim a viagem, mesmo não conseguindo ir até Mateiros que seria o destino final antes da volta, porém com uma grande aprendizagem na bagagem.
Dos erros, dos acertos e dos prazeres que uma viagem dessa pode proporcionar.
Fiz muitos amigos ao longo da estrada e percebi que não precisamos de muito para ser feliz.
Quem sabe no futuro com um novo planejamento e novos companheiros possamos fazer a viajem completa.
Obrigado a todos que de uma forma ou outra fizeram parte da minha jornada pessoal, dando forças e compartilhando comigo suas emoções ao ler este blog. Em breve os vídeos editados do passeio.



sábado, 7 de janeiro de 2017

São Felix e seus encantos.

Sexta-feira 06/01/2017

Uma das pousadas mais bonitas que tem aqui na região é o Jalapão Ecolouge.  Uma pousada encrustada no meio do cerrado, em frente o Morro da catedral com bangalô, Cabanas, área de camping e redário. atrativos são muitos, tem trilhas para bicicleta, o famoso passeio no Rio sono de flutuação e as trilhas ecológicas onde se pode se observar muitos pássaros.


Naquela noite em que eu cheguei no Jalapão ecolodge conheci um cara chamado Andrey da empresa Cerrado rupestre. Conversamos bastante sobre a minha viagem e ele se dispôs a me oferecer uma carona até chegar em São Félix, afinal seriam 30 km de areia pura, fofa e insuportável para pedalar. Como ele estava levando uma turma de quatro turistas de São Paulo me disse que faria um um passeio de rafting então fiquei muito interessado em participar também.

Chegando no local do Rafting acabei encontrando um cara muito bacana chamado Rafa da empresa novaventura de rafting. 
Objetivo aqui não é fazer propaganda nem publicidade das duas empresas porém são duas pessoas que me trataram muito bem e que eu tive muita facilidade de participar das atividades junto com eles. Recomendo. 
O Rafting no Rio sono é uma atividade muito bacana,
fizemos uma descida em cachoeiras de aproximadamente 12 km, partindo da Cachoeira da jalapinha.



As principais corredeiras são de categoria 1 e 2, para iniciantes, porem tinha uma de categoria 3.
Nosso ponto final foi na Cachoeira das Araras com um belíssimo almoço. A comida aqui é muito boa mas o preço é meio salgado. Come-se bem com preços que variam de R$ 30,00 a R$40,00 por pessoa. 


Chegando em São Félix me hospedei na Pousada do Paulinho. Finalizei o dia visitando o Fervedouro do Alecrim que fica dentro da cidade em 1.5 km.





sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Do céu ao inverno e ao céu novamente

Quinta-feira 05/01/2017
O que você vai ler agora é um relato de um dia muito difícil que eu pensei que não iria mais acabar.
Sabe quando a gente diz que algo errado acontece por uma serie de fatores e não por um único motivo?

Pois é isso mesmo que aconteceu comigo hoje e vou enumerando minhas falhas pra não perder a conta.

1o erro: não jantei achando que Estava tudo bem, então tomei um café simples e uma banana.

No camping do Seu Camilo era um sossego só. Apos montar acampamento chegou um casal de turistas de Brasília e logo ficamos conversando pois eles também iriam acampar ali.
Tentei dormir cedo para pegar a estrada cedo, mas as 23:30 chegaram um grupo de turistas de uma empresa com veiculo quebrado. Fizeram a maior bagunça, som alto gargalhadas e la se foi meu sono.

2o erro: achei que iriam parar logo, mas a farra foi ate as 3:30 da madrugada.

Foi quando perdi a paciência e com uma delicadeza de uma patada de elefante solicitei que parassem com aquela falta de respeito. Por incrível que pareça funcionou.
Consegui dormir as 4:00 e as 6:00 levantei para seguir caminho.


3o erro: queria chegar cedo no ecolouge para o almoço.
Deveria ter dormido mais para tentar repor o sono perdido e seguir viagem mais tarde.

4o erro: meu café da manha foi fraco, um café com leite e uma banana. Mesmo sendo convidado pelo casal de Brasília para o café da manha deles, agradeci, despedi e peguei a estrada.

Alguém aí acredita que isso iria me sustentar por toda amanha?

Ate aqui tudo bem, nada de novo exceto os erros enumerados. Segui viagem por 30km ate chegar no Rio Sono onde tem um antigo posto de fiscalização da ADAPEC. Isso aconteceu as 10:30. Estava no céu, com pedal tranquilo e um enorme rio de águas frias para dar uma recuperada no corpo.



5o erro: não prestei atenção aos sinais do meu corpo, achando que um simples banho de 15 min seriam suficientes para recuperar e seguir viagem.
Estava obsecado em chegar antes do almoço. Deveria ter feito meu almoço naquele momento, pois estava pedalando a várias horas. Deveria ter esticado uma rede como sempre fazia, tirar umas 2h de descanso e só então seguir viagem.

Pouco mais de 10km adiante cheguei em um pequeno córrego que não sei o nome, nesse momento já passavam das 11:00 e nenhuma nuvem. A sensação térmica era de mais de 40 graus com certeza. Nesse momento eu cheguei no inferno do titulo desse post.
Meu corpo não respondia mais,
minha água já tinha acabando e eu sentia câimbras tão fortes nas pernas que arrepiavam o corpo todo. Meu corpo começava a entrar em colapso.
Agora vamos enumerar os obstáculos.

As máquinas do estado tinham acabado de laminar a estrada.
Como não choveu a areia estavam fofa com um palmo de profundidade. Minha bicicleta com 20kg de bagagem afundava o tempo todo, me forçando a pedalar com mais intensidade. O vento nesse horário já estava forte e vinha de encontro, sendo um obstaculo a mais. A vegetação deixava se ser floresta e passava a ser vegetação de cerrado e portanto não tinha mais abrigo de sombra.
Consegui fazer nessas condições mais 5km e já enxergava o morro da Catedral. Faltavam só mais 5km.

7o erro: por conseguir enxergar meu alvo achei que poderia chegar ate ele. (Por isso que alpinistas morrem no Everest, veem o pico e acham que dando mais uma forçadinha no corpo vai chegar).

Isso aconteceu comigo.
Como não tinha mais forças para pedalar desci da bike e comecei a empurrar no areião. Uma subida de mais de 1km foi o fim das minhas capacidades físicas. Nesse momento respirava com dificuldade. Boca e garganta secas e nem uma gota de água.

8o erro: passei por dois rios e não reabasteci as garrafas e mochila de hidratação.
"Mas Cassol, você bebe água do rio?"
- sim, mas antes purifico usando clorin. Um comprimido que colocado em 1 litro de agua e meia hora de espera purifica e deixa potável.

Simplesmente desisti de tudo, achei um pequeno arbusto e tentei me abrigar do sol das 11:30.
Nao tinha mais forças para ficar em pé. Meu corpo simplesmente não respondia mais. Nao sei quanto tempo fiquei ali parado pensando em nada.


Foi nessa hora que passou um motociclista e viu a minha situação. Era o Arnold, por ironia do destino, também é profissional de informática como eu e trabalha a poucos metros da empresa onde eu trabalho (SENAC). Nada acontece por acaso.

Nao nos conhecíamos e mesmo assim ele parou e ofereceu ajuda. Eu disse que não tinha condições de chegar ao meu destino e ele insistiu em me levar por 5km de moto, comigo na garupa puxando a bicicleta ao lado da moto. Por varias vezes quase caímos por conta do meu desequilíbrio e de tanta areia.
Por fim chegamos ao Jalapão Ecolouge onde fui recebido por Guilherme.

Uma  pessoa sensacional, me recebeu na sua casa, me deu um prato de comida, pude tomar um banho e dormir o sono dos justos por duas horas num redario do hotel. Voltei ao Paraíso.

Eram quase 16:00 quando Guilherme me chamou para conhecer um dos atrativos mais interessantes da região. Eles chamam de flutuação. A estrutura da corredeira do rio Sono que passa dentro da propriedade do Ecolouge tem uma formação de pedras que formam um redemoinho de uns 70 a 80 metros. O lugar é incrivelmente bonito. Você veste um colete salva-vidas e se joga no rio. A correnteza te leva pelo redemoinho de água, fazendo com que você fique o tempo que quiser sem precisar se mexer ou nadar, deixando a correnteza do rio fazer o giro completo. Basta entrar na agua e girar, girar o tempo que quiser. Eu nunca tinha visto nada parecido.
Voltei ou não voltei ao Paraiso?

Se não bastasse a minha frustração de quase ter ficado na beira da estrada, Guilherme ainda ficou dando força, me motivando a continuar a viagem. Já no final da tarde conheci outro cara muito gente boa mas isso é assunto para o próximo post.

Obrigado Guilherme, Val e Ze. Parabéns Lucio por ter uma equipe tão acolhedora e profissional.

Ps.: desculpem alguns erros de grafia, mas esses últimos posts digitei no celular.

Novo Acordo 2.0

Mais de Novo Acordo. 04/01/2007

Além da cidade ter alguns encantos de cidadezinha do interior, tive a oportunidade de me hospedar na Pousada Vitoria. Muito simples porem o quarto estava bem limpo e organizado com lençóis e toalhas brancas. A pousada tem ao lado a padaria de mesmo nome. Já o banheiro deixou a desejar e muito.

Infelizmente não tenho coragem de mostrar a foto. Escrevo isso porque a pesar do banheiro ser um lixo, o quarto tinha ar condicionado Split, TV com parabólica, Wi-Fi e café da manha na padaria.

Sabe quanto a diária ? R$ 35,00. Isso mesmo eu também não entendi direito e perguntei novamente para a atendente pra saber se eu tinha ouvido errado.
Mas o preço era esse mesmo 35,00. Ate que o banheiro não era tão ruim assim. Rsrsrsrs.
Peguei a estrada bem cedo. As 4:20 já estava acordado e as 5:30 já estava na estrada.


Foram longos 75km hoje. A estrada tinha pontos bons mas a maior parte ruim onde se pode escolher entre costelas de vaca ou areião. E tinha uma terceira opção com as duas anteriores juntas. Parei para almoçar as 10:30, varado de fome no rio vermelho.


Inicialmente achei que não faria para ir ate la em baixo, depois analisando melhor tinha uma pequena cachoeira então fui em busca da agua. Era um pequeno córrego de agua gelada. Foi uma festa. Tomei banho, lavei a roupa e montei acampamento para preparar o almoço que foi regado a risoto de atum ao molho de tomate. Simples pratico e muito bom. De sobremesa uma manga que ficou dentro da agua gelando ate o momento certo.

Minha maior preocupação era onde dormir, ate porque não teria condições físicas para fazer os 120km em um único dia ate o Morro da catedral.
Pois vejam que surge no km 72 um barzinho de Beira de estrada incrustado no morro do gorgulho. Bar do Seu Camilo. Tinha bebidas geladas e as 16:30 ainda tinha comida posta para uma turma de turistas que acabara de chegar. Arroz, mandioca e carne de sol com manteiga de garrafa.

 Conversando com ele sobre as distâncias em chegar ao morro da catedral e me disse que tinha área de camping. Quase pulei de alegria em saber que, por R$ 15,00 poderia acampar na fazenda dele 1,8km dali, com chuveiro quente, energia elétrica, cozinha comunitária que eu poderia preparar meu próprio jantar e um grande gramado para montar minha barraca. (MINHA não, do Júlio, valeu por emprestar a barraca, prometo devolver inteira).

Tomei aquele banho caprichado, lavei roupa, preparei um capuccino e recarregue literalmente as baterias, minhas, da camera, do celular e do banco de baterias extras que a pesar de fazer carga solar, carrega muito mais rápido na tomada.
Amanha cedinho pego o trecho final ate o Jalapao ecolouge no morro da catedral serão mais de 50km e de la ate São Félix, mais 30km.
"é isso ai pessoal...." ;)

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Aparecida do Rio Negro a Novo Acordo

Ontem escrevi que o trecho seria fácil e rápido. Ledo engano. Subestimei a estrada e ela me deu o troco, da forma mais cruel rsrsrs. Bricandeiras a parte o percurso é sim curto (45km), porém com muitas subidas e decidas. Até aí tudo bem se não fosse um pouco o cansaço da viagem de ontem.
Mas o que mais me surpreendeu foram as grandes lavouras de soja que surgiram logo depois de Aparecida do Rio Negro e me acompanharam por quase toda viagem.

Muito bonito ver o progresso chegando de forma tão eficiente em lavouras bem cuidadas.

Chegando em Novo Acordo procurei um restaurantezinho e armei minha rede na porta dele para tirar um merecido cochilo. Aproveitando para monitorar o tempo que começava a fechar.
Vi chuva chegando então preferi ficar por aqui mesmo e sair amanha bem cedo. O percurso será muuuuuito longo. Serão 120km de terra ate o Morro da Catedral. Então é muito provável que eu fique dois dias incomunicável.
Assim que possível volto a escrever.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Palmas - Aparecida do Rio Negro

Hoje começou de fato nossa viagem. De Palmas para Aparecida do Rio Negro são aproximadamente 63km. Percurso relativamente perto, se não fossem os 40k de subidas. A pior delas ficam no km 10 até o km 22. Subidão de 12k com desnível de 350 metros.

Foi bem sofrido, principalmente porque no meio da manhã abriu aquele sol maravilhoso de 38 graus. A parte interessante do percurso é que todo mundo que passa a estrada apoia, buzina, faz sinais de positivo o que vai ajudando na motivação.
Não que eu não esteja motivado para fazer essa viagem, é que tem horas, principalmente quando surgem as primeiras câimbras que o bixo pega pra valer.
Parei as 11:30 para fazer uma pausa mais longa, preparei o almoço que foi servido com macarrão instantâneo, barrinhas de cereais e doce de banana em barra.

Armei uma rede na sobra de duas árvores e tirei um merecido descanso de aproximadamente uma hora.
Pretendia ficar mais tempo mas, como o tempo fechou e ficou bem nublado aproveitei a oportunidade para aumentar a quilometragem.
Os contratempos foram duas paradas para tentam prender melhor o alforje que ficou muiiiito grande e ficava batendo nos calcanhares ao pedalar. Com uma corda, fiz alguns ajustes, puxei ele mais para trás e deixei mais espaço para os pés.
Chegando em Aparecida, hotel, sanduíche, bananas, ar condicionado e cama.

Amanhã o percurso será menor até Novo Acordo serão aproximadamente 45km.
Pretendo almoçar por lá.